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sexta-feira, 4 de junho de 2010

TOC TOC

Eu amo. Mas não como deveria, não como gostaria. É comum ser diferente?

É comum amar e não ser amado? Quem se importa. Minha vida é dilema sem fim,

um monólogo sem respostas. E neste circo de semânticas, eu sou o palhaço principal.

sábado, 15 de maio de 2010

O futuro infinito na simplicidade humana.

Às vezes as palavras travam em meus pensamentos, e a perplexidade toma conta de mim, a calmaria se vai como toda a vastidão das águas, limitada a simples pensamentos. - Quebre-se pensamento. Quebre-se.

Dentro de cada um de nós há marés e tempestades, nuvens entre abertas resplandecendo um crepúsculo no horizonte. Onde o ontem é insignificante, o hoje é incompleto e o futuro anda lado a lado com o infinito.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Your love is my drug.

Vá embora. Não, seu amor para mim já está intragável. Me deixe sozinho, vazio em desespero. Logo estarei aos seus pés. Implorando por um pouco mais da droga que só você pode me oferecer: amor. Está droga que para mim é que nem alimento. Sinto fome do seu amor, me sinto desnutrido de compaixão. Tenha misericórdia quando lhe pedir.
- Encha-me!
- Sufoca-me. - Preencha-me. Assim, lentamente, aos poucos, pausadamente, para que eu possa sentir a carnificina que ocorre dentro do meu ser, o prazer do masoquismo por amor. O amar verdadeiro. O sentimento que move barreiras e faz milagres. Aquele que quando tragado acalma a alma e pacifica as tempestades mais nebulosas.

Sempre tive você sempre para mim. Mas o cotidiano me enoja.
- Agora saia!
Não, não quero mais. Por enquanto não. A necessidade me faz falta, o prazer de não ter o que sempre tive. A ausência de poder tocar e sentir seus lábios tão vividos, tão definidos, tão meus. Era como dizia Saint-Exupéry, “A ordem não cria a vida.” A vida não e sim o desespero de quebra dessa realidade. Monótona. Agora que estamos separados meu amor, acredite, eu ainda te amo. E quando estiver em desespero precisando do meu ecstasy lhe chamarei de joelhos para que possa encher-me todo novamente.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Janelas de Nova Iorque

As luzes da velha e badalada cidade de Nova Iorque contagiam todos os habitantes da cidade que nunca dorme. Os turistas, fascinados com as luzes. E as pessoas ficam abobadas com os monstruosos prédios arranha-céus que cortam a cidade de ponta a ponta. Eu, seu narrador, um dos habitantes dessas enormes montanhas de concreto me sinto no dever de retratar os acontecimentos das vidas animalescas de meus vizinhos perturbados. Com auxilio de um Binóculo, estilo os profissionais que usam nesses filmes de agente secreto, eu consigo observar através das janelas vizinhas que retratam a vida alheia em forma de reality show; os acontecimentos mais grotescos e gritantes dos animais dessa selva de luzes.


Os mais intrigantes dos casos é o da velha Gatuna, este não é seu verdadeiro nome, é apenas um apelido dado referente ao seu estilo de vida, digamos por hora.


A velha Gatuna, é habitante de um dos maiores prédios do West Side de Nova Iorque, aparenta ser aposentada e com uma boa herança ou aposentadoria, a senhora Gatuna ostenta o luxo de seus soberanos companheiros Noturnos e Diurnos, seus numerosos Gatos! De todos os tipos e espécies e todos muito bem cuidados, muito limpos e bem alimentados. Na hora do jantar, a senhora Gatuna encomendava tiras de uma carne muito suculenta e cara, o entregador do açougue sempre deixava o apartamento com uma bolada de dinheiro em mãos. A velha, sempre sozinha, nunca recebeu visita muito menos familiares, sempre sozinha com seus gatos. Nas noites de sexta-feira a senhora gatuna ligava sua vitrola muito bem cuidada, feita em uma espécie de madeira que mantinha o tom de novo. E cantarolava e dançava Newyork, Newyork de Frank Sinatra, junto a sua família de gatos. Eu vinha observando a vida da velha Gatuna por meses e pude reparar que ela havia criado um cronograma pra sua vida. Todos os dias, uma rotina.


Como um desocupado por natureza, tive tempo suficiente pra seguir a vida monótona da velha Gatuna por quase um ano. Até que por minha surpresa, na véspera de natal deste ano de dois mil e nove, Dona Gatuna fez algo novo, uma mudança eu me senti ofendido por ela ter violado o pacto imaginário que eu criei, onde ela seguia o cronograma cegamente. Ela não estava em casa no horário em que deveria estar. Seus gatos também não. Seus móveis todos embrulhados em uma espécie de plástico para resistir à poeira.

Antes de completar meu raciocínio que estava inquieto e desesperado para descobrir o paradeiro da velha e seus felinos, fui cortado por uma gritante campainha. A minha campainha. Eu fui atender a porta por sinal meio incomodado, já que não estava esperando por ninguém, quando pus os olhos ao olho mágico pude ver uma senhora muito familiar entrando no elevador com um sorriso frágil que aparentava solidão, ‘Senhora Gatuna’ eu disse num to de desespero, assustado com aquela cena que eu jamais esperaria ver. Abri a porta com cautela, mesmo sabendo que ela não se encontrava mais ao hall de meu apartamento. Mas algo me incomodava. Tinha que abrir e conferir. A minha porta sobre o meu tapete de entrada havia uma cesta, muito bonita e rústica, tais como a mobília de Senhora Gatuna, dentro dela havia inúmeros gatinhos em miniatura feitos de uma porcelana cara e bonita, coisa de colecionador. Eu paralisado, sem reação, não estava entendendo nada, tudo era muito confuso, será que ela havia notado todos esses meses a presença de meu olhar espião atravessando suas janelas?! Sempre fui tão cauteloso, tão onipresente em sua vida, não esperava ser notado e não perceber que fui notado. Revirei a cesta mais cautelosamente e com os meus olhos observadores tentando ficar atento a todos os detalhes, até que notei uma carta escondida entre os gatinhos de porcelana, uma carta escrita em tinta preta sobre um papel dourado e brilhante, tudo aquilo aparentava ser muito caro, típico da senhora gatuna, ostentando luxos que não traziam retorno.


Observei o conteúdo da carta sem muita atenção estava mais interessado no numero de linhas e estrofes que ela escrevera. Fiquei mais calmo quando notei que eram poucas linhas e apenas uma estrofe, que sem demandas, li em voz alta.

“Querido observador, sei que você me observa há meses, nunca me importei com isso, sempre me senti mais segura sobre a graça de seus olhos. Não me sentia sozinha quando sabia que você estava me sondando. Agradeço pelo tempo que gastou observando minha vida. O seu tempo encheu o coração de uma pobre senhora como eu que gasta as riquezas ganhadas junto com o chavão de viúva de um jeito tão fútil e sem sentido. Hoje, é um dia diferente, eu mudei o meu percurso, violei o código de seguir uma vida monótona e corriqueira, estou me mudando para Londres, vou voltar a morar com minha filha. Assim tentarei levar uma vida onde possa ser notada por pessoas bondosas como ti. Nessa nossa amizade de longos meses onde apenas os nossos olhares e atitudes caseiras dizem quem realmente nós somos. Eu me tornei sua amiga. Abri minha vida para seus olhos curiosos. E como um grande companheiro que você foi. Não poderia ir, sem me despedir, portanto... Adeus.”


Senhora Gatuna, foi mais que uma simples vizinha, ela foi uma amiga, uma guarda, uma distração. Que compartilhou comigo as luzes da cidade que nunca dorme.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Quase perfeita vida.

Obrigado por me alimentar quando sinto fome, e por fazer o tudo com suas mãos honestas e brandas. Por me dar o possível e o impossível que está ao seu alcance. Sinto muito pelo seu sofrido desgaste diurno e noturno, é graças a ele que eu cubro meu corpo imundo com essas vestes animalescas que maquiam minha verdadeira face. Este meu submisso e incapaz ego, que por apego da soberba e da luxúria me fez lançar ao mar tudo o que me restára!

Não me sinto mulher perto de ti. Não me sinto viva ao seu lado! O sexo que
antes prazeroso se tornou comum e ordinário, caíram no tédio do dia-a-dia.
Mas Sinto muito, se eu não o satisfiz da forma que você gostaria! Obrigando-o a procurar prostíbulos infernais para satisfazer seus desejos que eu uma semi-mulher não consegue satisfazer; Não meu amor, não se preocupe comigo e não repare no papel úmido e desbotado em que lhe deixo estas palavras, minhas lágrimas deram a ela estas características. Sim estava chorando quando foi escrita e com certeza a minha alma chorará enquanto existir.

Desculpe-me! Por favor, me perdoe! Mas fiz isto por nós dois! Os sintomas de encontrar uma mulher, sua mulher, morta ao chão não são os melhores! Mas o que você está sentindo não é este sintoma, faz parte de meu favor que fiz por ti! O favor que irá retribuir tudo o que fizestes por mim todos esses anos. O vinho que tomou a pouco, não era diferente das doses que por costume você tomava. A diferença é que estava envenenado com o meu amor, o veneno mais letal. O veneno de uma mulher que não amou e nunca se sentiu amada. Faça de mim ó meu doce marido, o seu leito de morte, para que os curiosos não comentem sobre o nosso casamento arranjado. E antes de se entregar, meu quase perfeito marido, trate de se desfazer desta carta imunda de sentimentos de uma falecida para que ninguém saiba a verdadeira causa de nossa morte.

Para que ninguém tenha conhecimento da dor de uma quase-mulher que nunca amou seu quase perfeito marido. Para que ninguém saiba como é matar e morrer por um amor cego. Um amor dourado. Farei de ti, meu grande marido, o meu próprio Romeu! E eu serei sua eterna Julieta de faces.

- Adeus.

domingo, 8 de novembro de 2009

Instante.

Por um instante tudo que eu achava real caiu por terra e simplesmente destruiu a magnífica imagem de um ser perfeito que havia construído. Por um instante toda aquela suscetibilidade dispersa sobre o meu corpo se decompõe tão fugazmente diante de meus olhos cansados de tanta angústia. Por um mísero instante, você com uma única fala, conseguiu destruir tudo de melhor que havia em meu coração: todo o amor, toda compaixão, toda a sinceridade e amabilidade que havia resguardado a minha vida inteira para ti.

Amar não é pra fracos. Amar é pra puros de coração, que movem montanhas por aqueles que amam! Não somos fracos! Somos apenas altruístas de mais pra compreender que há pessoas que não nos merecem.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Fragilidade.

Em uma manha qualquer, estava eu, ao aconchego das suaves brisas de primavera ao deleito de uma aconchegante cadeira simples e rústica localizada ao extremo norte de uma praça, atento aos pássaros e aos sons que a natureza produzia ao decorrer do tempo.

Momentaneamente em um desvio vagaroso e com uma sonolência no olhar, pude notar um senhor, todo frágil e quebradiço, com umas vestes que caracterizavam sua idade e sua moral! Ele vestia uma camisa de algodão bege desgastada pelo tempo e pelo numero de lavagens que representavam sua fraqueza em relação aos tempos modernos em que ele vivia, por cima, usava um lindo suéter marrom escuro costurado a mão, que mostravam a presença de alguém que se impõe e defende seus conceitos e valores até o ultimo suspiro. Seus óculos fundos de garrafa também velhos pelo uso demonstravam sua fraqueza em relação à idade em que se encontrava, seus olhos azuis como o lindo e brilhante céu que rodeava a praça direcionados a um objeto em que segurava cuidadosamente com as duas mãos. Uma rosa, uma linda e vermelha rosa, com longo caule com apenas uma folha e vários espinhos; Ele a segurava com tanto cuidado com medo de machucar ou ferir aquela pobre coitada rosa, que a algumas horas iria murchar e secar lentamente até virar cinzas, aquilo parecia não importar para ele e o que ia me deixando mais intrigado.

Lentamente aquele senhor passou a mudar seu olhar, ele olhava para as elevadas construções, para as moças fazendo caminhada, para os homens e seus melhores amigos, e voltava lentamente seu olhar pra pequena e frágil rosa que representava toda a pureza que continha dentro daquele senhor. E de uma forma tão frágil e delicada, aquele senhor que segurava aquela rosa tão firmemente e cautelosamente deixou-lhe escorrer uma lagrima, aquela única e forte lagrima que escoou pelo seu enrugado rosto e desceu com a mesma força que saiu e despencar ao ar aterrissando sorrateiramente sobra à face da linda pétala vermelha, que absorveu toda a pureza que continha naquela única gota de lagrima.

Junto de sua lagrima, ele despejou sua ultima fala de uma forma tão silenciosa mais ao mesmo tempo tão alta que eu pude entendê-la sem ao menos conseguir ouvi-la, pude enxergar sua angustia ao averiguar os calmos movimentos de seus lábios e sabiamente ele disse:
Quando a última árvore cair, quando o último rio secar, quando o último peixe for pescado ai então iremos entender que dinheiro não se come, amor não se compra e vida, nós só temos uma. ’

Por fim, aquele velho senhor que ao olhar leigo parecia um senhor qualquer que segurava aquela flor de um jeito tão doce e cauteloso caiu lentamente para traz como se estivesse flutuando seus olhos se fecharam lentamente até que mesmo de longe notei que sua vida havia chegado ao fim, me dirigi até aquele pobre senhor, retirei de sua mão sua linda rosa vermelha, e a fiz questão de plantar ao lado do banco rústico localizado ao norte daquela praça qualquer, daquele dia qualquer.

A rosa deixada por aquele senhor não morreu como eu esperava, ela viveu, e continua viva até hoje resguardando dentro de si, todos os valores antigos e singelos daquele pobre senhor, enquanto eles existirem, ela viverá.

Após tal acontecimento aquele dia não foi mais um dia qualquer, ele foi notável, ao menos para mim. Foi o dia em que um pobre senhor, de quem eu nada esperava deu seu ultimo aviso, sua ultima fala, seu ultimo suspiro. Que mudou o meu mundo.


Dedicado especialmente a, Carla Fernanda M.