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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Quase perfeita vida.

Obrigado por me alimentar quando sinto fome, e por fazer o tudo com suas mãos honestas e brandas. Por me dar o possível e o impossível que está ao seu alcance. Sinto muito pelo seu sofrido desgaste diurno e noturno, é graças a ele que eu cubro meu corpo imundo com essas vestes animalescas que maquiam minha verdadeira face. Este meu submisso e incapaz ego, que por apego da soberba e da luxúria me fez lançar ao mar tudo o que me restára!

Não me sinto mulher perto de ti. Não me sinto viva ao seu lado! O sexo que
antes prazeroso se tornou comum e ordinário, caíram no tédio do dia-a-dia.
Mas Sinto muito, se eu não o satisfiz da forma que você gostaria! Obrigando-o a procurar prostíbulos infernais para satisfazer seus desejos que eu uma semi-mulher não consegue satisfazer; Não meu amor, não se preocupe comigo e não repare no papel úmido e desbotado em que lhe deixo estas palavras, minhas lágrimas deram a ela estas características. Sim estava chorando quando foi escrita e com certeza a minha alma chorará enquanto existir.

Desculpe-me! Por favor, me perdoe! Mas fiz isto por nós dois! Os sintomas de encontrar uma mulher, sua mulher, morta ao chão não são os melhores! Mas o que você está sentindo não é este sintoma, faz parte de meu favor que fiz por ti! O favor que irá retribuir tudo o que fizestes por mim todos esses anos. O vinho que tomou a pouco, não era diferente das doses que por costume você tomava. A diferença é que estava envenenado com o meu amor, o veneno mais letal. O veneno de uma mulher que não amou e nunca se sentiu amada. Faça de mim ó meu doce marido, o seu leito de morte, para que os curiosos não comentem sobre o nosso casamento arranjado. E antes de se entregar, meu quase perfeito marido, trate de se desfazer desta carta imunda de sentimentos de uma falecida para que ninguém saiba a verdadeira causa de nossa morte.

Para que ninguém tenha conhecimento da dor de uma quase-mulher que nunca amou seu quase perfeito marido. Para que ninguém saiba como é matar e morrer por um amor cego. Um amor dourado. Farei de ti, meu grande marido, o meu próprio Romeu! E eu serei sua eterna Julieta de faces.

- Adeus.